karlos

Tamanho da língua ajuda a identificar gravidade da apneia obstrutiva do sono

Estudo de pesquisadores da USP pode ajudar na avaliação da gravidade da apneia obstrutiva do sono (AOS), doença em que a respiração da pessoa para e volta diversas vezes enquanto está dormindo. O trabalho sugere uma análise conjunta entre o volume da língua, das vias aéreas e da mandíbula, além do uso da chamada classificação de Mallampati, criada para prever a dificuldade de intubação de um paciente. A classificação de Mallampati consiste em observar o volume de alguns elementos que compõem a via área: palato mole, fauce, úvula e pilares amigdalianos (veja quadro abaixo). Quanto maior a classificação, que vai de 1 a 4, mais estreita é a via aérea superior e mais difícil é o procedimento de intubação. Classificação Mallampati: Mallampati  I    –  palato mole, fauce, úvula e pilares são visíveis;  Mallampati  II   –  o palato mole, fauce e úvula são visíveis;  Mallampati III – o paloto mole e a base da úvula são visíveis;  Mallampati  IV  – o palato mole não é totalmente visível. Foto: Freepik / Fotomontagem Jornal da USP Os pesquisadores observaram uma relação entre uma maior classificação de Mallampati e quadros mais graves de apneia obstrutiva do sono. Esses achados já haviam sido observados em outros estudos e foram confirmados pela pesquisa. O dado novo foi o papel do volume da língua e da relação entre o volume da língua e o tamanho da mandíbula para o nível de gravidade da doença. Os resultados  da pesquisa estão descritos no artigo Tongue size matters: revisiting the Mallampati classification system in patients with obstructive sleep apnea, publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia. Autossufocamento A apneia obstrutiva do sono é caracterizada por um colapso da via aérea que leva a um fechamento total ou parcial da via, reduzindo ou impedindo o ar de chegar aos pulmões e, consequentemente, a todos os órgãos do corpo. Essa interrupção do respirar pode acontecer 30, 40 ou até mesmo 100 vezes por hora. “É como se o organismo promovesse um autossufocamento. É como se alguém estivesse esganando você, sendo que esse alguém é você mesmo”, explica o médico pneumologista Rodolfo Augusto Bacelar de Athayde, primeiro autor do artigo. Ele explica que, a longo prazo, essa frequente queda da oxigenação (hipoxemia noturna) traz consequências sérias à saúde e está associada ao aumento do risco de mortalidade por doença cardiovascular, infarto, arritmia, morte súbita, acidente vascular cerebral, demência, Alzheimer e até depressão, entre outras patologias. Segundo Rodolfo Athayde, trata-se da doença crônica não transmissível mais frequente do mundo: estima-se que um terço da população adulta apresente a condição. Identificar um número tão grande de pacientes não é fácil e a pesquisa teve o objetivo de contribuir com esse processo. O trabalho foi realizado no Laboratório do Sono (LIM 63) da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). A orientação foi do professor Pedro Rodrigues Genta. Participaram do estudo 80 homens. Eles foram submetidos a avaliação clínica, tomografia das vias aéreas e polissonografia (exame não invasivo realizado enquanto o paciente dorme e que mostra a qualidade do sono). Também foram avaliados por meio da classificação de Mallampati: um único examinador avaliou todos os casos, para padronizar a análise. O exame é simples: o paciente fica em frente ao médico, abre a boca e estica a língua até a via aérea superior ser visualizada. Ilustração: Jornal da USP Obesidade e volume da língua Foi observado que os participantes com maior Índice de Massa Corporal (IMC) tinham uma língua maior. O IMC é calculado dividindo o peso da pessoa (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado. O pneumologista conta que poucos sabem, mas a língua também é suscetível a aumentar de volume devido à obesidade. “Com ganho de peso corporal, existe uma infiltração de gordura na língua fazendo com que ela aumente de tamanho. Então existe uma relação direta entre ganho de peso e o aumento da língua. Consequentemente, a gente tem uma relação de ambas com o desenvolvimento da apneia obstrutiva do sono”, aponta. A doença afeta todos os gêneros e faixas etárias, mas é mais frequente em homens depois dos 50 anos. Nas mulheres, o processo de envelhecimento e o período pós-menopausa aumentam as chances de desenvolvimento de apneia devido às mudanças do ciclo hormonal, que podem fragilizar a musculatura das vias aéreas, tornando-a mais propensa ao colapso. No caso de crianças, a doença pode ocorrer tanto por conta de problemas anatômicos da via aérea como por obesidade. E é exatamente a obesidade, destaca o pneumologista, o fator de risco mais associado à doença, muito mais do que a idade ou o sexo do paciente. O principal sintoma da apneia obstrutiva do sono é o ronco e a interrupção da respiração enquanto a pessoa dorme. “Todo apneico ronca, mas nem todo ronco é indício de apneia obstrutiva do sono”, alerta o pesquisador. Há também outros sintomas que podem estar relacionados com a doença, como: sono não reparador, acordar diversas vezes durante a noite, acordar com dor de cabeça, dificuldade de concentração e raciocínio, flutuações de humor e sonolência diurna. Aplicações da pesquisa O médico conta que a prevenção é bastante complexa porque a fragilidade das estruturas da via aérea ocorre com a progressão da idade. Os quadros mais leves podem ser tratados com terapia fonoaudiológica para tonificar a musculatura. Para os casos moderados e graves é recomendado o uso, durante o sono, de um dispositivo respiratório chamado CPAP, uma espécie de máscara que impede o fechamento das vias aéreas. Essa máscara pode abranger somente a região do nariz ou do nariz e da boca. Segundo o pesquisador, alguns dados anteriores mostravam que usar a via do nariz e da boca poderia não ser uma boa opção. Avaliar o tamanho da língua do paciente pode ajudar os médicos na escolha do melhor tratamento, reforçando que a via nasal parece ser a melhor opção, sugere o médico. O estudo ainda contribui para o entendimento da anatomia das vias aéreas no contexto da doença.

Tamanho da língua ajuda a identificar gravidade da apneia obstrutiva do sono Read More »

A ultrassonografia poderia agilizar as consultas de pediatria na atenção primária

O uso mais frequente da ultrassonografia poderia agilizar as consultas de pediatria na atenção primária, concluiu um editorial publicado no periódico Anales de Pediatría. O termo “ultrassonografia clínica” (ultrassonografia à beira do leito) é uma referência ao uso do exame no momento da avaliação clínica do paciente. “Não se trata de fazer uma ultrassonografia sistemática, a ultrassonografia à beira do leito ajuda a responder a perguntas concretas que o médico fez quando realizou o exame físico do paciente”, disse a Dra. Susana Viver Gómez, autora do editorial e pediatra vinculada ao Centro de Salud Dr. Luengo Rodríguez, na Espanha. A autora destacou que este exame diagnóstico tem uma utilidade inquestionável na consulta de atenção primária, pois se trata de uma ferramenta inofensiva, portátil e com boa relação de custo-efetividade que permite observar em tempo real o quadro do paciente, sem necessidade de transferência. Além disso, seu uso fornece uma melhor e maior aproximação diagnóstica e permite uma tomada de decisão mais rápida e precisa. Para o atendimento pediátrico, o uso da ultrassonografia agiliza a consulta, melhora a segurança diagnóstica e evita outros exames complementares, com benefício direto para o paciente. Além disso, a autora destaca que, para um pediatra treinado, não leva a aumento excessivo do tempo de consulta. Ultrassonografia pulmonar O uso da ultrassonografia clínica é especialmente vantajoso no caso da avaliação pulmonar. Isso porque não é necessário um amplo conhecimento de anatomia, pois é suficiente conhecer a localização do pulmão e as estruturas da parede torácica.  “No caso da ultrassonografia pulmonar, a curva de aprendizagem [para fazer o exame e analisar os resultados] é muito curta, é fácil de aprender e é acessível para muitos médicos. Outros tipos de ultrassonografia são muito mais difíceis”, declarou a Dra. Susana. “Além disso, a ultrassonografia pulmonar é muito útil na pediatria, porque os casos de pneumonia são muito frequentes nas crianças e são fáceis de diagnosticar por meio desta técnica.” A ultrassonografia pulmonar tem sensibilidade de 95% e especificidade de 96% no diagnóstico da doença em crianças, sendo de 87% e 98%, respectivamente, as da radiografia. “Apenas alguns poucos casos de pneumonia que não tocam a pleura não são visíveis por ultrassonografia”, pontuou. Numerosos estudos demonstraram a alta precisão diagnóstica da ultrassonografia pulmonar em várias afecções clínicas. Conforme descreveu a Dra. Susana, o exame tem sensibilidade de 94% e especificidade de 96% na detecção de efusão pleural. Por outro lado, no diagnóstico de pneumotórax, sua precisão é semelhante ou superior à da radiografia. “Temos que começar a cultivar a ideia de que a ultrassonografia pulmonar nos dá mais informações do que uma radiografia”, escreveu. Destacou, ainda, que esta técnica é mais rápida: “Em mãos experientes, em menos de cinco minutos é possível completar o exame e realizar o diagnóstico apontando o local exato da lesão e sua dimensão e, além disso, sem usar radiação”. Além da ultrassonografia pulmonar, a especialista constatou que muitas outras análises ecográficas têm uma grande utilidade na consulta de atenção primária. Entre outras, a ultrassonografia cutânea, que em alguns casos permite evitar a realização de biópsias, e a musculoesquelética, porque evita o uso de radiação ionizante. Ferramenta pouco usada Em seu editorial, a Dra. Susana fez uma revisão de algumas perguntas sobre o uso da ultrassonografia pulmonar realizada por pediatras no âmbito nacional espanhol. “Em 2018, com 273 participantes, apesar de 47% dos entrevistados terem realizado formação em ultrassonografia, apenas 18% revelaram usá-la em sua prática diária”, escreveu. Em outra pesquisa feita este ano e ainda em processo de publicação, de 212 pediatras consultados que tinham um aparelho de ultrassonografia à sua disposição, apenas 28% o usariam diante da suspeita de pneumonia. A médica concluiu que a ultrassonografia — em particular, a pulmonar —, apesar da sua utilidade, segue sendo uma ferramenta pouco usada. “Mesmo que a evidência científica esteja do lado da ultrassonografia, [os médicos] seguem usando majoritariamente a radiografia como ferramenta diagnóstica”, destacou em um comunicado de imprensa. “Atualmente, em poucos hospitais se inclui a ultrassonografia como parte da formação de residentes, pelo menos em pediatria. Há especialidades que o fazem há muitos anos, por exemplo, a ginecologia, mas na maioria das especialidades estamos mais atrasados. Diante de uma ferramenta com tantos benefícios, fácil de usar e cada vez mais acessível, temos que trabalhar para conseguir incorporá-la na nossa prática diária. Isso é necessário para a formação dos pediatras — tanto no ambiente hospitalar como na atenção primária — e deve, portanto, ser incluída nos programas de formação de residentes”. Este conteúdo foi traduzido de Univadis Espanha – Medscape Professional Network

A ultrassonografia poderia agilizar as consultas de pediatria na atenção primária Read More »

Residentes em Medicina de Emergência são treinados em equipamento para diagnósticos céleres

Atualmente, o ensino em Pocus é disciplina obrigatória nas residências de Medicina de Emergência em todo o país pelas determinações da Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação. A Pocus emergiu como uma ferramenta revolucionária na busca incessante por avanços médicos que possam aprimorar a precisão diagnóstica e a qualidade do atendimento aos pacientes. O Hospital Geral possui o equipamento de emergência hospitalar. “Esse equipamento tem sido uma ferramenta cada vez mais relevante para diagnósticos rápidos e precisos em situações críticas, onde os pacientes necessitam de cuidados imediatos, assim como em pacientes cardiológicos. Nestes, o uso se torna ainda mais relevante”, disse a residente Maria Verônica Alves da Silva. Ela explicou que, sabendo disso, os residentes do Programa de Medicina de Emergência se uniram em busca de uma capacitação em Pocus, focada no paciente cardio-crítico. “O curso demonstrou os principais pilares da avaliação diagnóstica e da condução do tratamento do paciente cardiológico grave, com teoria e prática em phantons, modelo saudável e pacientes reais. Estamos com a pretensão de deixar isso como obrigatório na nossa grade, nos capacitar para capacitar os próximos residentes”, ressaltou. Felipe Nogueira, também residente em Medicina de Emergência, contou que o treinamento consistiu em uma semana de aulas teóricas, de forma online, e um dia de aula prática. “Ficamos o domingo inteiro no HGE, na Unidade de Dor Torácica (UDT), treinando ultrassom com foco cardíaco e pulmonar”, salientou. Segundo o médico residente, esse tipo de ultrassonografia é muito importante para os profissionais que trabalham com emergência. “Isso porque a assistência ao paciente se torna muito mais precisa, o tempo de diagnóstico encurtado. Recebemos pacientes muito graves e o tempo que se leva indo para tomografia, fazendo exames, reavaliando e esperando laudos pode ser reduzido através da Pocus, nos permitindo atuar diretamente no alvo e diminuir mortalidades”, frisou Felipe Nogueira. Processo seletivo As inscrições para o Processo Seletivo Unificado de Residência Médica para os hospitais do Estado de Alagoas ainda estão abertas. Os interessados devem realizar a inscrição até o próximo dia 3 de janeiro, pelo site www.strixeducacao.com.br. Entre as vagas, cinco em Medicina de Emergência, quatro delas no HGE. “A residência em Medicina de Emergência não poderia ter melhor campo de atuação. Nós oferecemos cursos em hospitais considerados referência, onde o aprendizado é único. Um médico que deseja se especializar na área não poderia encontrar melhores estudos fora do HGE e do Hospital de Emergência do Agreste. Essas, como todas as instituições incluídas no processo seletivo, detêm uma grande diversidade de casos, o que dá riqueza aos estudos, fora que os estudantes estarão com os melhores profissionais de Alagoas”, ressaltou Fernando Fidelis, presidente da Comissão Estadual de Residências Médicas de Alagoas (Cerem/AL).  curso itinerante, onde somos capazes de treinar os profissionais em diferentes locais. A declaração de aptidão ao atendimento médico a PCR é fornecida pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Alberto Ferreira da Costa.

Residentes em Medicina de Emergência são treinados em equipamento para diagnósticos céleres Read More »